A história da Guilhotina na Revolução Francesa

Não! Não foi o Dr. Guillotin quem “inventou” a guilhotina!

A guilhotina não foi uma invenção da Revolução e nem do Doutor Guillotin, mas foi provavelmente inspirada em gravuras de antigos textos e gravuras que ilustravam máquinas de cortar cabeças, (sem um nome específico) usadas em vários países da Europa, como: Itália, Alemanha, Inglaterra e Escócia.

Como era antes?

Antes da Revolução, vários modos de execução existiam dependendo do status social do condenado e da gravidade de seu crime. Desta forma um nobre era decapitado com uma espada, o bandido era espancado até a morte praça pública, o regicida (assassino de um rei ou membro da monarquia) era esquartejado, o herege era queimado, o falsificador era fervido em um caldeirão de água quente e daí por diante…

É então que o médico e filósofo Joseph-Ignace Guillotin (deputado de Paris em 1789) decretou que, mesmo em matéria de execução, todo cidadão deveria ser igual perante a lei.


Imagem que ilustra a capa deste post: Página 206 do Paris Revolutions Journal, datado de 29 de outubro de 1792. Musée Carnavalet, História de Paris.
Imagem 01: Joseph-Ignace Guillotin (1738-1814): data e pintor não identificado. Musée Carnavalet, História de Paris.
Imagem 02: Antoine Louis (1723-1792) : Pintor Jean-Baptiste Greuze. Data não mencionada. Museu da Faculdade de Medicina Nanc
Imagem 03: Charles-Henri Sanson (1739-1806) : Ilustrador Eugene Lampsonius. Data não mencionada.

A partir de então, o Dr. Guillotin se juntou ao Dr. Antoine Louis, secretário vitalício da Académie Nationale de Médecine, por seus conhecimentos anatômicos e com o carrasco de Paris, Charles-Henri Sanson, pela sua experiência, e juntos desenvolveram os planos de uma máquina colocada num cadafalso equipado com uma lâmina com corte oblíquo que cortaria, sem dor, a cabeça dos condenados.

O carrasco Charles-Henri Sanson – Wikipedia

E foi um alemão, o artesão de pianos Tobias Schmidt, que foi escolhido para fazer o protótipo do aparelho. Em 1792, na primeira experiência usaram ovelhas e depois cadáveres de prisioneiros.

Protótipo em 3D de uma Guilhotina similar à utilizada na época da Revolução Francesa

A simplicidade de uso, a rapidez e a eficiência do equipamento impressionaram médicos, autoridades e representantes da Assembleia convidados para uma demonstração.

O primeiro guilhotinado na Revolução

O primeiro guilhotinado foi Nicolas Jacques Pelletier (1756-1792) condenado por roubo, assassinato de um homem, em 25 de abril de 1792, na Place de Grève (hoje, Place de l’Hôtel de Ville) Paris – 4arr.

A rainha Maria Antonieta provavelmente foi a vitima mais enigmática da Guilhotina

Primeiramente, o equipamento foi chamado de “Louisette”, em homenagem ao Dr. Louis, porém ganhou outros nomes como “Moinho do Silêncio”, “Gravata do Capeto” em referência à dinastia Capetiana, que iniciou-se com o rei dos Francos, Hugo Capeto (987-996), “Navalha Nacional”, entre outros…. até que finalmente foi chamado de “Guilhotina”, em homegagem ao Dr. Guillotin, mesmo contra a vontade deste.

Dr. Guilllotin morreu em sua própria máquina?

Diz a lenda que o Doutor Guillotin também foi executado por sua própria “invenção”, mas isso se explica por uma incrível coincidência.

Durante o período do “Terror“ (decapitações em massa entre julho de 1793 a julho de 1794), um médico de Lyon, chamado J. M. V. Guillotin, sem parentesco com o Doutor Joseph Ignace Guillotin, foi guilhotinado e por isso talvez associaram esses dois nomes.

Na verdade o Dr. Guillotin morreu em casa em 26 de março de 1814, no n° 333, da rua Saint-Honoré, por causas naturais (uma inflamação generalizada no ombro esquerdo).

Última vítima da Guilhotina

Em 10 de setembro de 1977, foi guilhotinada a última pessoa na França: o tunisiano Hamida Djandoubi, condenado à morte por tortura e estupro seguidos de morte, que foi decapitado na prisão de Baumettes, em Marselha. A pena de morte seria abolida na França em 30 de setembro de 1981. Era o fim da Guilhotina.

Alguns nomes importantes, vítimas da Guilhotina

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Meu nome é Rogerio Moreira, além de jornalista, sou publicitário e estudei em instituições como PUCC, Unicamp e FGV. Apaixonado por história, acredito que o estudo de nosso passado nos ajuda a entender como nos tornamos o que somos hoje. Nesse blog, busco reunir e compartilhar curiosidades e histórias incomuns sobre Paris e a cultura francesa. Dessa forma pretendo mostrar o lado quase que desconhecido da cidade, fora dos roteiros turísticos tradicionais. Vamos comigo nessa viagem?

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