Curiosidades e segredos do filme “O Fabuloso Destino de Amélie Poulain”

Curiosidades, bastidores, novidades, e até segredos escondidos de “O Fabuloso Destino de Amélie Poulain” e da sua filmagem!

Quando Jean-Pierre Jeunet lançou, há mais de 15 anos, “O Fabuloso Destino de Amélie Poulain“, jamais poderia imaginar que seu destino, assim como o de sua adorável protagonista, também seria fabuloso. O êxito de Amélie transcendeu o puramente cinematográfico para:
1) Converter-se no paradigma do que o gosto popular concebe como cinema francês (ou mesmo “espírito francês”);
2) Definir a imagem que, hoje, habita o imaginário coletivo sobre a capital francesa;
3) Estabelecer-se como um fenômeno, conquistando uma legião de fãs ao redor do mundo, que se identificam com sua heroína, querem fazer os outros felizes e imaginam que a trilha sonora de suas vidas é composta por Yann Tiersen.

Ame ou odeie, “O Fabuloso Destino de Amélie Poulain” marcou a história do cinema mundial e do cinema francês, e saber os segredos por trás da criação desta película é, no mínimo, bastante divertido. Pegue o crème brûlée e se delicie:

– O roteirista e diretor do filme, Jean-Pierre Jeunet, começou a selecionar dados, eventos e memórias para criar a história de Amélie em 1974.

– O diretor confessou que muitos detalhes do filme são de origem autobiográfica. Como, por exemplo, as coisas que os personagens gostam e não gostam. Algumas recordações que aparecem no decorrer da história também vieram da vida do diretor.

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– Jean-Pierre Jeunet escreveu o roteiro, em francês, especialmente para a atriz inglesa Emily Watson. A personagem principal, inclusive, se chamava “Emily”. Quando Jeunet percebeu que a atuação de Watson era prejudicada pelo francês não ser sua língua nativa, ele revisou o script para fazer com que Emily tivesse crescido na Inglaterra. Contudo, Watson acabou desistindo do projeto, pois não queria ficar seis meses longe de casa (Ela fez “Assassinato em Gosford Park” no lugar). Com isso, Jeunet e o co-escritor Guillaume Laurant mudaram novamente a personagem, que voltou a ser totalmente francesa, recebendo o nome de “Amélie”.

– Jeunet encontrou Audrey Tautou num pôster. Logo depois de Emily Watson desistir do papel, o diretor estava vagando pelas ruas de Paris, se perguntando como poderia salvar seu novo projeto. Foi quando virou uma esquina e viu um cartaz do filme “Instituto de Beleza Vênus” (1999). Nas palavras do próprio Jeunet: “Fui surpreendido por um par de olhos escuros, um flash de inocência, um porte incomum. Eu arranjei uma reunião e ela se interessou no papel. Depois de 10 segundos, eu sabia que ela era a escolha certa.”

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– Jean-Pierre Jeunet originalmente queria Michael Nyman para a trilha sonora do filme, mas não conseguiu contratá-lo. Alguém, então, deu a ele um CD de Yann Tiersen, que compõe em um estilo minimalista semelhante, mas com uma peculiar mistura eclética de instrumentos. Jeunet se apaixonou pela música e sonorizou grande parte do filme com temas de Tiersen, as quais ele comprou os direitos. Além disso, Tiersen escreveu um tema original principal, “La Valse d’Amélie”, que foi gravado em inúmeras variações e utilizado em todo o filme.

Ouça “La Valse d’Amélie” AQUI

– A atriz que fez o papel de Amélie criança é brasileira. Bem, na verdade, metade brasileira. Flora Guiet nasceu em Paris e é filha de pai francês e mãe brasileira. Com apenas com 5 anos foi escolhida, depois de testes, para o papel da Amélie na fase infantil. Hoje mora em São Paulo e estuda design de interiores.

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– As cenas de abertura foram filmados em 35mm, mas foram quimicamente e digitalmente tratadas e para obter o efeito da filmagem em Super 8.

– Antes de gravar as cenas externas em Paris, Jean-Pierre Jeunet e sua equipe limpavam toda a área que seria utilizada, retirando detritos, sujeira, lixo e até mesmo graffiti. Esta tarefa foi extremamente difícil quando chegou a hora de gravar na enorme estação de trem. “Nós tiramos todos os carros das ruas, limpamos o graffiti das paredes, substituímos cartazes por outros mais coloridos, etc.”, disse Jeunet. “Digamos que eu tentei exercer tanto controle quanto pude sobre a qualidade estética da cidade.” A pós-produção digital ajudou consideravelmente para que Jeunet alcançasse a visão que queria que o filme transmitisse.

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– As cenas no interior do apartamento de Amélie foram gravadas em um estúdio na Alemanha. Mais especificamente na cidade de Colônia em Renânia do Norte-Vestfália, oeste da Alemanha. Jeunet filmou lá em vez de continuar na França por causa dos incentivos fiscais.

– As principais cores (vermelho, verde e amarelo) foram inspiradas pelas pinturas do artista brasileiro Juarez Machado.

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– A arte que faz parte da decoração do quarto de Amélie (o cão com o cone, o ganso branco) e seu amigo imaginário crocodilo foram criados pelo artista Michael Sowa.

– Jeunet utilizou o “Café des Le Deux Moulins”, para ser o local de trabalho de Amélie e, também, onde se passa grande parte do filme.

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É claro que depois do lançamento (e do sucesso) do filme, a cafeteria se tornou uma atração turística. O lugar é decorado em estilo Art Deco e fica no endereço “15 Rue Lepic”, esquina com a Rue Cauchois, em Montmartre.

Fui até lá para conhecer o 2 Moulins e provar o famoso Crème Brûlée. Aprovado!

Fui até lá para conhecer o 2 Moulins e provar o famoso Crème Brûlée. Aprovado!

O café ainda se parece bastante com o que é mostrado no cinema, exceto que agora possui bastante pôsteres do filme e a tabacaria que aparece no filme, foi retirada.

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– O gnomo viajante foi inspirado por uma onda de brincadeiras semelhantes que aconteceram na Inglaterra e na França na década de 90. Em 1997, um tribunal francês condenou o líder do “Front de Libération des Nains de Jardins” (Frente de Libertação dos Gnomos de Jardim) por roubar mais de 150 gnomos. A ideia foi, mais tarde, utilizada em uma campanha de publicidade de uma agência de viagens na internet.

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– O gnomo utilizado no filme era de Jean Marie Vives, um dos membros da equipe, que o fotografou e elaborou as montagens com imagens tiradas durante suas próprias viagens.

– Com a exceção de um breve telefonema, onde Amélie dá instruções para Nino (que, por sua vez, simplesmente escuta e não responde verbalmente) e a resposta na cafetaria, os dois protagonistas não conversam nenhuma vez durante todo o filme.

– O funeral no documentário imaginário em preto-e-branco que Amélie assiste na TV é composto de filmagens de um segmento noticiário de 1923 sobre a morte da atriz Sarah Bernhardt.

– O sobrenome de Nino é “Quincampoix”. Quincampoix é, também, uma aldeia que fica cerca de 60 milhas a noroeste de Paris. É um sobrenome raro na França e, provavelmente, sua presença no filme não é uma coincidência. Em Quincampoix está enterrado o campeão de ciclismo Jacques Anquetil, que por muitos anos foi um grande concorrente de Federico Martín Bahamontes – o mesmo Bahamontes cuja vitória na ’59 Tour de France é aplaudida pelo jovem Dominique Bretodeau no filme (Anquetil ficou em terceiro na mesma corrida).

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– O diretor admitiu que a ideia da caixinha de memórias que Amélia descobre no banheiro de sua casa, e que um dos personagens encontra em uma cabine por causa dela, foi roubada do filme “No Decurso do Tempo” (1976) de Wim Wenders.

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– O álbum de fotos de cabine sobre o qual gira a maior parte do filme realmente existe. Ele pertence a um amigo de Jeunet, um escritor francês chamado Michel Folco, e que, segundo o diretor, é um obsessivo que durante anos procurou de cabine em cabine por fotos descartadas. Uma vez, Folco disse a Jeunet que se um dia quisesse incluir o álbum em algum projeto, lhe emprestaria. Além disso, a história sobre o estranho que acaba por ser o reparador das máquinas, é verdade. Folco encontrou-o, assim como acontece com Nino.

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– Entretanto, apesar da história ser real e Jeunet ter se baseado nela para o roteiro, foi necessário criar um álbum falso para usar no filme. Isso porque para usar o real, seria preciso obter a permissão de todas as pessoas cujas fotografias estão no álbum. O diretor contou que para criá-lo, uma cabine de fotos foi colocada na sala de casting e, durante um dia inteiro, a equipe se dedicou a tirar fotos de 80 figurantes.

– A história do saco perdido dos correios que Amélie usa para alegrar sua vizinha viúva também é verdade. Ou, pelo menos, baseada numa história real. Nos anos 50, um avião alemão caiu no Mont Blanc e um saco dos correios foi arrastado pela geleira. A polícia o encontrou muitos anos depois.

– O diretor afirma ser um grande fã de jogos, principalmente do tipo que é preciso seguir pistas para resolver um mistério. Ele usou essa predileção para conceber a cena em que Amélie guia Nino até o álbum pelo parque de diversões. O próprio Jeunet afirma que já fez jogos semelhantes com sua esposa.

– Audrey Tautou não consegue fazer com que pedras saltitem na água. Quando Amélie atira pedras no canal San Martin, o efeito é realizado digitalmente.

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– Muitas bebês foram batizadas “Amélie” depois do filme. Em 2000, um ano antes do filme sair, haviam 12 bebês na Inglaterra e no País de Gales com o nome de Amélie. O número subiu para 250 em 2002 e, em 2007, haviam cerca de 1.100 novas Amélies por ano. O número tem se mantido estável desde então. A tendência foi semelhante nos EUA, onde Amélie não figurava a lista dos 1.000 nomes mais populares até 2003, quando, de repente, saltou para o lugar 839 e foi subindo cada vez mais a partir daí.

O Fabuloso Destino de Amélie Poulain” encanta, diverte, apaixona e comove qualquer um que assista. É uma obra atemporal que foge da realidade de uma capital poluída, para apresentar o universo colorido e gentil que existe aos olhos de uma pessoa que insiste em acreditar na bondade apesar de tudo. Quantas Amélies você conhece? Seria você, uma Amélie? Por que não ser mais Amélie?

Definitivamente, uma obra-prima do cinema.

Prêmios

OSCAR
2002
Indicações
Melhor Filme Estrangeiro
Melhor Direção de Arte
Melhor Fotografia
Melhor Roteiro Original
Melhor Som

GLOBO DE OURO
2002
Indicação
Melhor Filme Estrangeiro

BAFTA
2002
Ganhou
Melhor Roteiro Original
Melhor Cenografia

Indicações
Melhor Filme
Melhor Diretor – Jean-Pierre Jeunet
Melhor Atriz – Audrey Tautou
Melhor Filme Estrangeiro
Melhor Fotografia
Melhor Trilha Sonora
Melhor Edição

CÉSAR
2002
Ganhou
Melhor Filme
Melhor Diretor – Jean-Pierre Jeunet
Melhor Trilha Sonora
Melhor Cenografia

Indicações
Melhor Atriz – Audrey Tautou
Melhor Ator Coadjuvante – Rufus
Melhor Ator Coadjuvante – Jamel Debbouze
Melhor Atriz Coadjuvante – Isabelle Nanty
Melhor Fotografia
Melhor Figurino
Melhor Roteiro
Melhor Som
Melhor Edição

FESTIVAL DE TORONTO
2002
Ganhou
Prêmio do Público

FESTIVAL DE EDIMBURGO
2002
Ganhou
Prêmio da Audiência

Confira o Trailer:
https://youtu.be/HsUbuuQTXCc

Créditos: ProibidoLer.com / AdoroCinema.com / Wikipedia

 

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Meu nome é Rogerio Moreira, além de jornalista, sou publicitário e estudei em instituições como PUCC, Unicamp e FGV. Apaixonado por história, acredito que o estudo de nosso passado nos ajuda a entender como nos tornamos o que somos hoje. Nesse blog, busco reunir e compartilhar curiosidades e histórias incomuns sobre Paris e a cultura francesa. Dessa forma pretendo mostrar o lado quase que desconhecido da cidade, fora dos roteiros turísticos tradicionais. Vamos comigo nessa viagem?

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