“Em Montmartre existia um homem chamado Dutilleul e ele tinha um dom muito peculiar de atravessar os muros sem ser incomodado…”.
E assim Marcel Aymé cria a lenda do “passe-muraille”, o homem que consegue atravessar as muralhas, como se fosse um espírito.
Com seu romance denominado “Passe Muraille”, Aymé descreve o cotidiano de seu personagem principal que vive na Rue Norvis, no 18ème Arrondissement, exatamente no mesmo lugar onde o autor morava.
Aymé morou por muitos anos em Montmartre, e escreveu diversos de seus romances com ambientação no bairro boêmio de Paris. Em “O passa-muros” (1945) Dutilleul, um homem que trabalha em um escritório e mora em Montmartre, descobre que tem a habilidade de atravessar paredes. Ele acaba usando esse poder para se vingar daqueles que já o humilharam e roubar lojas – inclusive escapar da prisão quando é preso. Quando arranja uma amante casada, ele passa a fugir da casa dela, quando o marido chega, atravessando os muros da propriedade. No entanto, em um dia ele sente uma forte dor de cabeça e toma uns remédios que encontra no fundo de sua gaveta. Mais tarde naquele dia, quando repete sua rotina de fugir da casa da amada, percebe que não consegue mais se mover e se lembra de que o remédio que pensou que era aspirina era, na verdade, um remédio que fora prescrito a ele quando ele fora ao médico e contara sua condição. Dessa forma, ele termina a história preso à última parede que tentou atravessar.
Inspirado pela história, o ator francês Jean Marais imortalizou, em 1989, o personagem em sua cena final no muro em frente à casa que fora de Marcel Aymé.
Sem dúvida, um passeio obrigatório para quem anda pelas ruas do bairro.
Rue Norvins, Place Marcel Aymé – Montmartre