As pontes de Paris e os segredos por trás de seus nomes

Os turistas que visitam Paris todos os dias circulam pela cidade de metrô, de ônibus, de moto, de carro, bicicleta ou simplesmente a pé. São milhares de pontos de interesse que contam a história da cidade e seu impacto na cultura e na política de todo o mundo.

Se prestarmos atenção, as pontes são conexões quase perfeitas que ligam os dois dados do Sena e suas emblemáticas ilhas.

Paris tem 37 pontes sobre o Sena. Algumas só para pedestres, outras somente para o transporte ferroviário, e a maioria para automóveis e pedestres.

Caso fossemos falar de cada uma delas, daria um belo livro de histórias, por isso, neste artigo selecionamos cinco dessas maravilhosas pontes e contamos o significado e origem peculiar de seus nomes. Da próxima vez que cruzar uma delas, lembre-se que estará caminhando sobre a história de uma das cidades mais fascinantes de todo o mundo.

1 – Pont d’Austerlitz

Esta ponte, inaugurada em 1805, recebeu este nome em homenagem à Batalha de Austerlitz (1805), também conhecida como Batalha dos Três Imperadores, foi um dos combates mais importantes e decisivos das Guerras Napoleônicas. Naquela que é amplamente considerada a maior vitória alcançada por Napoleão, o exército da França derrotou um exército russo/austríaco, muito maior, liderado pelo imperador Alexandre I e pelo sacro imperador romano Francisco II. A batalha ocorreu perto da cidade de Austerlitz no Império Austríaco (atual república Tcheca).

Em 1801 foi decidida a sua construção para ligar o bairro Faubourg Saint-Antoine e a área do Jardin des Plantes. No entanto, em 1854 a ponte, considerada perigosa, foi reconstruída com os seus arcos em alvenaria. A ponte logo se mostrou inadequada em relação ao crescimento do volume de tráfego e foi posteriormente ampliada. Uma nova obra foi realizada entre 1884 e 1885 dando à ponte o seu aspecto atual.

2 – Pont de la Tournelle

O termo “Tournelle” surgiu da palavra “tourelle” (que podemos definir como um tipo específico de torre de vigilância e controle de acesso) construída no final do século XII, como proteção à fortaleza do rei Phillipe Auguste. Esta torre ficava bem na extremidade da ponte, do lado esquerdo do Sena, juntamente com o Porte de Saint-Bernard, que existia exatamente neste local…

Uma primeira ponte improvisada foi construída em 1370 e era conhecida como “Caminho da Ilha de Notre Dame” e foi substituída em 1620 por uma estrutura de madeira, que foi parcialmente destruída pelo gelo, durante o rígido inverno de 1637. Entre 1654 e 1656 ela foi totalmente refeita em pedra, sendo que somente em 1928 foi inaugurada a ponte que temos até os dias atuais, ou seja: essa é sua quarta versão.

É nesta ponte que podemos ver uma estátua da santa Genoveva, padroeira de Paris, no topo de um pilar, a 15m de altura, assinada pelo escultor polonês-francês Paul Landowski (um dos responsáveis pela criação do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro). Na escultura, a santa protege uma criança, que simboliza a cidade de Paris. A criança segura uma embarcação, (um dos símbolos da cidade).

3 – Pont des Arts

A Pont des Arts conecta o Institut de France ao pátio quadrado do Palais du Louvre, que na época foi nomeado por Napoleão Bonaparte como “Palais des Arts” (daí a origem do nome da ponte).

Entre 1801 e 1804, uma passarela sustentada por nove arcos em ferro fundido, exclusiva para pedestres, foi construída no local da atual Pont des Arts. Foi a primeira ponte de metal de Paris, tendo sido projetada para parecer um jardim suspenso, com arbustos, caixas de flores e bancos.

Em 1977 foi interditada após ser constatada a fragilidade de sua estrutura, principalmente devido aos efeitos das duas guerras mundiais em 1918 e 1944 e várias colisões de barcos entre 1961 e 1970.

A construção da ponte atual começou em 1981 e foi inaugurada por Jacques Chirac, então prefeito de Paris em 27 de junho de 1984.

Esta mesma ponte ficou famosa por conta de milhares de cadeados que eram ali colocados por turistas de todo o mundo, como forma de “selar” o amor (as chaves eram jogadas no Sena. Em 2015, a prefeitura decidiu substituir as grades da ponte por placas de acrílico transparente, o que impediu a instalação de novos cadeados (que curiosamente “migraram” para outras pontes e grades espalhadas pela cidade).

4 – Pont de La Concorde

A construção desta ponte foi iniciada em 1787 para substituir a balsa que fazia a travessia do rio naquele ponto. Tinha o nome original de Luís XVI, porém com o evento da Revolução Francesa, teve seu nome alterado para Révolution assim que foi concluída em 1791. Aqui cabe uma curiosidade: as pedras da Bastilha, recém demolida, serviram para sustentar as bases desta ponte.

Já em 1795, a Place de La Revolution (onde foi instalada a guilhotina) ganhou um nome menos agressivo e foi renomeada para Place de La Concorde, com isso, a ponte também recebeu o mesmo nome – La Concorde.

Mais à frente, em 1814, após a queda de Napoleão I, a ponte voltou ao seu nome original Luís XVI. Somente em 1830, após o período chamado de Restauração Bourbon (1814 – 1830), a ponte retomou o nome que mantém até hoje: Concorde. Em 1930, a ponte passou por uma grande obra de ampliação, passando de 14m de largura, para 35m.

Outra curiosidade: em 1810, Napoleão instalou nas laterais da ponte, as estátuas de oito generais franceses mortos em suas batalhas. Durante a Restauração Bourbon, essas estátuas foram substituídas por outras 12 estátuas de mármore, homenageando Ministros, Generais e Marinheiros franceses. Porém o peso das estátuas se mostrou incompatível com a estrutura da ponte e todas elas foram retiradas e transferidas para Versalhes pelo rei Luís Filipe I (que reinou entre 1830 a 1848).

5 – Pont Neuf

Esta ponte é considerada a ponte de pedra mais antiga de Paris. Com 232 metros de comprimento e 72 metros de largura, a Pont Neuf foi construída no estilo românico em arcos abobadais, ao todo são 12, sendo sete de uma margem e cinco da outra.

Henri IV ordenou que fosse construída entre 1578 e 1607. Decorado com mais de 380 ‘mascarões’ ou rostos grotescos com temática da mitologia grega. Em 1614, no local em que a ponte cruza a Île de la Cité, foi instalada, a estátua equestre de Henri IV, a mando de Maria de Medici, viúva do rei e regente da França.

Seu nome “Nova” permaneceu ao longo dos séculos, e foi a primeira ponte de pedras em Paris que não serviu como alicerce para casas erguidas em sua superfície, como as antigas pontes medievais (por isso ela era considerada uma “novidade”). Também contava com um espaço exclusivo para pedestres, algo também raro naquele tempo.

As pontes de Paris que cruzam o rio Sena

1. Pont Amont
2. Pont National
3. Pont de Tolbiac
4. Passerelle Simone-de-Beauvoir
5. Pont de Bercy
6. Pont Charles-de-Gaulle
7. Viaduct d’Austerlitz
8. Pont d’Austerlitz
9. Pont de Sully
10. Pont de la Tournelle
11. Pont Marie
12. Pont Louis-Philippe
13. Pont Saint-Louis
14. Pont de l’Archevêché
15. Pont au Double
16. Pont d’Arcole
17. Petit-Pont
18. Pont Notre-Dame
19. Pont Saint-Michel
20. Pont au Change
21. Pont Neuf
22. Pont des Arts
23. Pont du Carrousel
24. Pont Royal
25. Passerelle Léopold-Sédar-Senghor
26. Pont de la Concorde Pont Alexandre III
27. Pont Alexandre III
28. Pont des Invalides
29. Pont de l’Alma
30. Passerelle Debilly (piétonne)
31. Pont d’Iéna
32. Pont de Bir-Hakeim
33. Pont Rouelle
34. Pont de Grenelle
35. Pont Mirabeau
36. Pont du Garigliano
37. Pont Aval

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