Fundação Louis Vuitton atrai pela arquitetura e suas exposições

O monograma na porta indica: chegamos à Fundação Louis Vuitton, o projeto que é a menina dos olhos do todo-poderoso Bernard Arnault. Mas ao entrar no prédio não espere encontrar uma ode à marca. Pelo contrário. Não fossem o nome na entrada, quatro baús antigos pendurados no restaurante e alguns objetos grifados à venda na gift shop não seria possível identificar o espaço, inaugurado no fim de outubro, como pertencente à maison. Até porque não se trata de um museu da marca — como Gucci e Salvatore Ferragamo fizeram em Florença e Pierre Cardin, em Paris — e sim de um museu de arte contemporânea.

Só que, a grande vedete do espaço não é nenhuma Gioconda e, sim, a própria arquitetura do canadense naturalizado americano Frank Gehry. A construção, que para uns remete a um barco a vela, e, para outros, consiste em uma nave espacial ou até mesmo um grande iceberg, realmente impressiona e se destaca na paisagem local. Instalada no Jardin d’Acclimatation (o parque incrustado no Bois de Boulogne aonde os parisienses costumam levar os filhos para brincar), a edificação, como era de se esperar, recebeu críticas por ser moderna demais. E a polêmica deve continuar por um bom tempo, pelo menos até que os parisienses se acostumem com a “interferência”. Não foi assim com a Torre Eiffel e com as pirâmides do Louvre? De qualquer forma, 55 anos após sua inauguração, o notável edifício, que demorou 12 anos para ficar pronto e custou a Arnault US$135 milhões, irá se transformar em patrimônio público.

Louis3

Como anfitriões que querem mostrar a casa nova aos amigos, os curadores do espaço decidiram exibir, logo no primeiro andar, um vídeo sobre a construção do edifício e as diversas maquetes feitas por Gehry até chegar ao projeto final.

Caminhando pelo museu, fica claro que até as obras de arte procuram destacar as linhas de Gehry, que junto à diretora-artística Suzanne Pagé garimpou peças que se adequassem aos ambientes criados por ele. A escultura “Mann im Matsch” (2009), de Thomas Schütte, por exemplo, com quase seis metros de altura, se encaixa perfeitamente na galeria 10, de pé-direito altíssimo. Outras obras, que exigem uma contemplação mais íntima, estão espalhadas em salas menores, quase capelas.

No térreo, o auditório, com uma acústica impecável, impressiona pelo minimalismo de suas formas e pelos recursos tecnológicos. Os 350 assentos podem desaparecer sob o chão, abrindo espaço para que o lugar receba uma performance e, claro, um desfile. Foi lá, inclusive, que antes mesmo da inauguração oficial do museu (ocorrida em 2014), Nicolas Ghesquière mostrou a coleção primavera-verão 2015 da Louis Vuitton durante a semana de moda de Paris. E, mesmo se não houver programação, a vista para a cascata já é um espetáculo.

Também no primeiro piso, o artista dinamarquês Olafur Eliasson garante o show com sua obra “Inside the Horizon”: são 43 colunas espelhadas em forma de prisma que fazem infinitas projeções de quem passa por ali, num jogo interminável e divertido de reflexões. De volta à Terra, é possível provar da culinária contemporânea do estrelado chef Jean-Louis Nomicos sob uma instalação de peixes iluminados que povoam o teto do restaurante, batizado Le Frank.

Louis2

Mas, sem dúvida, o espaço perfeito para um petit comité são os terraços do edifício, com vistas para a imensidão verde do Bois, para os arranha-céus do La Défense e até mesmo para a Torre Eiffel. As grandes coberturas de vidro de Gehry garantem a festa em caso de chuva.

Já para antes de chegar e sair da Fundação, é bom se certificar por meio de um dos aplicativos meteorológicos que são como bíblia para os parisienses, para não correr o risco de ficar com os pés atolados na lama do Bois de Bologne (mesmo sensorial, a experiência, posso garantir, não é nada agradável). Neste caso, esqueça a saída do metrô Les Sablons sugerida pelo site do museu e opte pelo serviço de shuttle que sai da Praça Charles de Gaulle.

8 Avenue du Mahatma Gandhi, 75116 Paris

Fonte: oglobo.globo.com

Paris Sempre Paris
Paris Sempre Paris
Meu nome é Rogerio Moreira, além de jornalista, sou publicitário e estudei em instituições como PUCC, Unicamp e FGV. Apaixonado por história, acredito que o estudo de nosso passado nos ajuda a entender como nos tornamos o que somos hoje. Nesse blog, busco reunir e compartilhar curiosidades e histórias incomuns sobre Paris e a cultura francesa. Dessa forma pretendo mostrar o lado quase que desconhecido da cidade, fora dos roteiros turísticos tradicionais. Vamos comigo nessa viagem?

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *