Uma breve história do metrô de Paris

O metrô parisiense conta com 214 quilômetros de linhas, que, anualmente, transportam cerca de 1,4 bilhão de passageiros. Narrativa do sucesso de uma aventura mais que centenária.

A deterioração das condições de circulação em Paris com o desenvolvimento do automóvel, a exemplo de outras capitais do mundo, como Londres, Nova York e Budapeste, sem mencionar a iminência da exposição universal de 1900. Fulgence Bienvenüe, engenheiro viário, cria o projeto, que é adotado no dia 9 de julho de 1897 pelo Conselho Municipal. As obras têm início em 4 de outubro de 1898 com, um contrato assinado entre a Cidade de Paris e a Compagnie du Chemin de Fer Métropolitain de Paris (CPM – Companhia Ferroviária Metropolitana de Paris).

A malha

A linha 1, inaugurada no dia 19 de julho de 1900, contecta a Porta de Maillot à Porta de Vincennes e serve de transporte para o público que vai a os Jogos Olímpicos de Verão, organizados no Bosque de Vincennes. Os parisienses ficaram de imediato apaixonados por este novo meio de transporte. Já em 1901, Fulgence Bienvenüe previa a construção de linhas adicionais, de forma que nenhum ponto de Paris ficasse a mais de 500 metros de uma estação de metrô. Rapidamente, são iniciadas as obras para as futuras linhas 2, 3 depois 5,4…

Para construir os acessos às estações Cité e Saint-Michel, à margem do Sena, o arquiteto Léon Chagnaud exibe prodígios de engenhosidade… A construção do túnel entre as duas estações é executada com a ajuda de caixas metálicas, de 20 a 40 metros de comprimento, montadas nas margens e aos poucos fincadas sob o leito do rio. A operação, muito espetacular, atrai inúmeros curiosos. Para permitir a abertura do túnel, concebido como uma tubulação que liga as duas estações, quinze metros abaixo do leito do Sena, o solo é congelado com uma salmoura de cloreto de cálcio a – 24°C.

Em 1910, são abertas ao público as seis primeiras linhas. Na véspera da Primeira Guerra Mundial, a malha com 91 km de extensão comporta dez linhas. Ao longo da década de 1920, o aumento da população da periferia da capital enseja um novo contrato entre a Cidade de Paris e o Departamento do Sena. A década seguinte vê a malha prosseguir o seu desenvolvimento, em particular pela ampliação das linhas na periferia (linhas 1, 12, 9, 11 etc.). Durante a Segunda Guerra Mundial, apesar de escassez da eletricidade, é feita a extensão de várias linhas. Ao fim da guerra, os danos causados pelos bombardeios tornam necessários importantes investimentos. A lei de 21 de março de 1948 cria a Régie autonome des transports parisiens (RATP – Agência Autônoma dos Transportes Parisienses), que se encarrega da exploração da malha do metrô e da do trem de superfície.

Uma nova etapa é superada em 1998 com a nova linha 14, primeira grande linha de metrô do mundo sem condutor numa capital, acessível por portas de embarque à borda das plataformas, que garantem a segurança.

Num futuro próximo, o projeto de Metrô da Grande Paris, com seus 155 quilômetros de linhas novas e interligadas à malha existente, oferecerá a milhares de moradores da Ilha de França transporte cada vez mais rápido e para cada vez mais longe, dando à Grande Paris e a seus 12 milhões de habitantes uma rede de transporte à sua altura antes de 2040.

O bilhete

Nascidos, é claro, com a primeira linha, o bilhete de metrô é vendido em 30 mil exemplares desde o primeiro dia, ao preço de 15 centavos para a segunda classe. Só no ano de 1900, 17 milhões de passageiros o utilizam. Até o sistema atual de catracas, estabelecido em 1973, o bilhete era perfurado: um bilheteiro autorizava a entrada na plataforma depois de ter feito um “furinho”, que se tornou célebre pela canção de Serge Gainsbourg, Le Poinçonneur des lilas.

Bege marrom, violeta, amarelo, verde até chegar hoje ao branco com uma faixa magnética, o bilhete talvez um dia venha a desaparecer, seguindo o exemplo da carte Orange (semanal ou mensal), hoje substituída pelo sistema Pass Navigo.

O metrô parisiense é o único a ter oferecido a escolha entre duas classes em sua rede. O serviço de “primeira classe” foi mantido até 1982. A partir dessa data, o sistema de primeira classe é limitado aos horários de pico (de 9h às 17h) e o acesso à primeira é autorizado a qualquer hora aos mutilados e às mulheres grávidas. Desde 1991, instituiu-se um regime de classe única.

Fonte: site france.fr

Paris Sempre Paris
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Meu nome é Rogerio Moreira, além de jornalista, sou publicitário e estudei em instituições como PUCC, Unicamp e FGV. Apaixonado por história, acredito que o estudo de nosso passado nos ajuda a entender como nos tornamos o que somos hoje. Nesse blog, busco reunir e compartilhar curiosidades e histórias incomuns sobre Paris e a cultura francesa. Dessa forma pretendo mostrar o lado quase que desconhecido da cidade, fora dos roteiros turísticos tradicionais. Vamos comigo nessa viagem?

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