Bercy: onde Paris é mais moderna

Região revitalizada no início da década de 1990 atrai com biblioteca e cinemateca novas e centros comerciais.

A capital francesa sempre tem uma surpresa, mesmo para visitantes frequentes. Para quem já cumpriu o roteiro turístico básico, que tal uma escapada até Bercy? A região ainda está fora de muito guia de viagem tradicional, mas na última década vem atraindo cada vez mais visitantes em busca de ângulos diferentes de Paris. A área começou a ser revitalizada nos anos 1990 e desde então não para de inventar novidade. E a melhor delas: está a apenas dez minutos de metrô do Centro da cidade.

Num trem dos mais modernos (sem condutor) na linha 14, você chega à nova biblioteca, à cinemateca (instalada em um prédio desenhado por Frank Gehry), ao lindo parque e ao minicentro comercial ao ar livre de Bercy Village. As lojas são poucas e boas, e contam com uma Fnac de três andares. Tudo isso a apenas dez minutos de uma estação central como Châtelet.

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O passeio de um dia (ou menos) pode começar na estação Bibliothèque François Miterrand. Dali, uma curta caminhada leva aos quatro modernos prédios envidraçados da Biblioteca Nacional da França, projetados por Dominique Perrault e distribuídos em uma esplanada de frente para o Rio Sena. Uma das torres tem um setor de exposições, aberto ao público.

Logo em frente à biblioteca, na margem esquerda, começa a passarela Simone de Beauvoir, somente para pedestres e ciclistas, inaugurada em 2006. Além do desenho cheio de curvas modernistas e diferente do das outras pontes sobre o Sena perto da cidade, a passarela de aço, a 37ª a atravessar o rio em Paris, é bem mais alta em um dos seu níveis (são dois, entrelaçados, o que proporciona um trecho coberto). Chega a dar um friozinho na barriga no nível mais alto, que leva direto ao lindo Parc de Bercy, com 14 hectares ao longo da margem direita. Vista deste lado do rio, no 12º arrondissement, as torres da biblioteca parecem emoldurar a passarela.

Esculturas representando 21 crianças de diversas nacionalidades estão à direita, no caminho que leva ao Bercy Village. Muitas crianças brincam enquanto adolescentes namoram, adultos correm e turistas tiram fotos. O trecho do parque entre a passarela e o centro comercial, chamado de Jardim Romântico, é bem bonito: além de esculturas variadas, tem lagos com peixes e patos, pontes e flores. E os trilhos por onde passavam os vagões carregando barris de vinho estão à vista nos caminhos pavimentados. Porque essa é a origem da região e de Bercy Village.

Nesta área de viticultores da cidade, os galpões de pedra do Village armazenavam a bebida, no século XIX. As casas que serviam ao negócio do vinho (onde os produtores pagavam suas taxas, por exemplo), hoje estão voltadas para atividades botânicas e culturais. Os galpões, restaurados, guardam lojas bacanas. Entre elas, estão La Cure Gourmande, de biscoitos amanteigados em lindas embalagens; Alice Délice, de utensílios para cozinha; Loisirs & Créations, com material para desenho, pintura, costura e jardinagem; Arteum, uma galeria de arte, Agnès B., elegante grife francesa de roupas femininas e masculinas, além das que dispensam apresentações, como Sephora e Olive & Co. E a Fnac, inaugurada em 2012.

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Passeio entre as lojas e os restaurantes de Bercy Village

Os restaurantes de Bercy Village seguem a mesma linha das lojas. Não são muitos, mas são interessante: há uma padaria, loja de doces e bistrô do badalado padeiro Eric Kayser, inaugurado em fevereiro de 2012; um tradicional Hippopotamus, com suas carnes grelhadas e hambúrgueres deliciosos — a novidade é um com pimenta de espelete, do País Basco; uma creperia bretã, La Compagnie des Crêpes, entre outros. O Village tem ainda cinemas e uma academia de ginástica, onde na parede de pedra se vê um relevo lembrando a origem do lugar como armazém de vinhos.

Mas antes de compras, comes e bebes, siga pelas ruas François Truffaut e Paul Belmondo até o novo endereço da Cinemateca Francesa, instalada desde 2005 em um prédio assimétrico com as indefectíveis curvas do star architect Frank Gehry.

De volta ao Bercy Village, curta um pouco mais o parque e aproveite sem pressa o restante do dia. Na hora de ir embora, é só pegar o metrô na estação Cour Saint-Émillon, também da linha 14, que é praticamente dentro do centro comercial. Em dez minutos você está de volta ao Centro de Paris. Ou não. Há alguns hotéis confortáveis na região, como o Pullman Paris Bercy, da rede Accor, e o Kyriad Hotel, ambos bem perto de Bercy Village e da estação do metrô.

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Bibliothèque Nationale de France: A exposição “L’étoffe de la modernité. Costumes du XXe siècle à l’Opéra de Paris” pode ser vista diariamente, das 10h às 17h. Ingressos: 9. Quai François Mauriac. Metrô: Bibliothèque François Miterrand. bnf.fr

Parc de Bercy: Aberto diariamente, a partir das 9h. Metrô: Cour Saint-Émillion.

Bercy Village: As lojas abrem diariamente das 11h às 21h. Os restaurantes funcionam até as 2h. Metrô: Cour Saint-Émillion. bercyvillage.com

Cinémathèque Française: “Tim Burton, l’exposition” pode ser vista às segundas e quartas-feiras, das 12h às 19h, e às quintas e sextas, das 12h às 20h. Aos sábados e domingos e a partir de 4 de julho, aberta das 10h às 20h diariamente, com exceção das terças-feiras. Ingresso: 11 euros. 51 Rue de Bercy. Metrô: Bercy. cinematheque.fr

Pullman Paris Bercy: Diárias a parte de 166 euros. 1 Rue de Libourne. Metrô: Cour Saint-Émillion. accorhotels.com

Kyriad Hotel Paris Bercy Village: Diárias a partir de 110 euros. 19 Rue Baron le Roy. Metrô: Cour Saint-Émillion. bercykyriad.com

Fonte: oglobo.globo.com

Paris Sempre Paris
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Meu nome é Rogerio Moreira, além de jornalista, sou publicitário e estudei em instituições como PUCC, Unicamp e FGV. Apaixonado por história, acredito que o estudo de nosso passado nos ajuda a entender como nos tornamos o que somos hoje. Nesse blog, busco reunir e compartilhar curiosidades e histórias incomuns sobre Paris e a cultura francesa. Dessa forma pretendo mostrar o lado quase que desconhecido da cidade, fora dos roteiros turísticos tradicionais. Vamos comigo nessa viagem?

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