Como nasceu a Champs-Elysées?

Em comparação com a história da capital, a trajetória da Champs-Elysées é bem recente. Até o início do século XVII, a avenida nada mais era do que um caminho sem graça e barrento. Até que em 1616, Maria de Médicis decide construir uma alameda margeada por árvores. É chamada, então, de Cours de la Reine. Em 1670, o rei Luis XIV encarrega Andre Le Nôtre, o arquiteto paisagista responsável pelo Jardim de Versalhes, de realizar uma avenida repleta de jardins paisagísticos. La Nôte já havia construído o Jardim das Tulherias (Jardin dês Tuileries) e deveria fazer o prolongamento até o atual Champs-Elysées Marcel Dassault. O nome da avenida é mudado várias vezes: inicialmente para Grand-Cours, para distinguir no nome anterior; em seguida para Grande Allée du Roule, depois L’avenue du Palais des Tuileries e, finalmente em 1709, para Champs-Elysées. Em 1724, é prolongada até os limites de hoje, no monte de Chaillot, onde atualmente está a Praça Charles de Gaulle Etoile.

Porém, mesmo com todo o investimento da realeza, a Champs-Elysées não é bem vista na época, pois é conhecida como lugar de vagabundos e prostitutas. Sua sorte começaria a mudar durante a Revolução Francesa. Foi pela avenida que Luiz XVI e Maria Antonieta desfilaram, em 25 de Junho de 1791, como prisioneiros, ao serem capturados após uma fuga para Varennes. Na mesma época, a Praça da Concórdia torna-se um lugar de execução “dos inimigos da Revolução”. Foi, então, que o Diretório, que governava a França no período, decide fazer da Champs um lugar mais valorizado. Cafés e restaurantes começam a serem abertos. Em 1828, a avenida torna-se propriedade de Paris e começam a ser construídas calçadas e fontes. Alguns anos mais tarde, em 1834, Luis Felipe I contrata o arquiteto Jacques Hittorff para reformar os jardins e a Praça da Concórdia. A avenida continua a ser melhorada e no reinado de Napoleão III (1852 – 1870) já é o lugar mais elegante de Paris.

Um pedaço do mundo em Paris

Durante o século XX, a Champs-Elysées continua sendo sinônimo de elegância e luxo. Contudo, na década de 1950, com a chegada do RER – um trem que liga Paris às cidades mais próximas -, franceses de todas as classes podem frequentar a avenida. Então, as marcas mais populares ali também se instalam.

Em 1994, uma grande reforma é iniciada pelo então prefeito Jacques Chirac. A Champs-Elysées passa a ser ainda mais valorizada, refletindo a mistura de povos – turistas e nativos – que ali frequentam. As marcas mais luxuosas, como, por exemplo, Cartier e Swarovski, convivem com as mais populares e conhecidas do mundo inteiro, como Disney, Hugo Boss e Gap. A programação cultural é vasta: há vários cinemas – com realizações constantes de pré-estreias -, teatros, cabaré e exposições. E bares e restaurantes, dos mais luxuosos às redes internacionais de fast-food, estão sempre lotados.

Para os comerciantes, ter um ponto comercial na Champs-Elysées, apesar de caro, é garantia de publicidade e lucro. E para os que por ela passam, estar numa das avenidas mais charmosas do mundo é sentir-se privilegiado, mesmo que seja apenas de passagem.

Fonte: Direto de Paris

Paris Sempre Paris
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Meu nome é Rogerio Moreira, além de jornalista, sou publicitário e estudei em instituições como PUCC, Unicamp e FGV. Apaixonado por história, acredito que o estudo de nosso passado nos ajuda a entender como nos tornamos o que somos hoje. Nesse blog, busco reunir e compartilhar curiosidades e histórias incomuns sobre Paris e a cultura francesa. Dessa forma pretendo mostrar o lado quase que desconhecido da cidade, fora dos roteiros turísticos tradicionais. Vamos comigo nessa viagem?

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