Você sabia? Conheça a história da Coluna da Place Vendôme

Paris.. é Paris. C’est toujours Paris. Cidade Luz, com o Sena a serpentear tranquilamente, as suas pontes, a Torre Eiffel e o Arco do Triunfo, o Louvre, a Ópera, o Museu d’Orsay, a Notre Dame e a Sainte Chapelle, e mais uma infinidade de pontos turísticos sem esquecer o Moulin Rouge, a gastronomia, os cafés e por aí vai…

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É verdade, a famosa Place Vendôme, que além duma belíssima arquitetura que data do início do século XVIII, 1702 a 1720, projetada em 1699, ostenta as lojas de tudo quanto é absurdamente caro, com roupas, perfumes, jóias, relógios e outras “utilidades”, e onde os especuladores aplicam em diamantes, ouro e qualquer outra coisa com que possam um dia, ganhar ainda mais dinheiro. São grifes como Cartier, Louis Vuitton, Van Cleel & Arpels, Mikimoto, Breguet, Chanel, etc. Chopin residiu nesta praça e é possível ver uma placa indicando o prédio onde morou o ilustre músico. Sem falar no estrelado hotel o Ritz, frequentado por estrelas como a Princesa Diana.

Naquele lugar, em 1698, nem tinham começado as obras dos edifícios circundantes, começou por ser colocada uma estátua ao, ainda em vida, Luis XIV, o Rei Sol (imagem principal, que ilustra este post). Aliás foi este rei quem acabou com as trocas da propriedade que tinha sido primeiro do Duque de Vendôme, comprando-a ao último proprietário e oferecendo-a à cidade. Mereceu a estátua.

Cem anos depois chegou a Revolução Francesa com a sua Liberté, Egalité, Fraternité e “guilhotiné” e a estátua do orgulhoso Luis foi derrubada, destruída e fundida. Não tardou para que Napoleão começasse suas conquistas pela Europa afora, vencendo exércitos e guerras e regressando a Paris carregado de despojos militares.

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Sujeito de ideias e atitudes audazes, mandou que fundissem mil canhões de bronze para erguer um memorial às suas vitórias. O local escolhido para erguer esse monumento foi o centro da Place Vendôme, onde, após o Luis XIV ter sido “destituído” às pressas fora erguida uma coluna que era suposto representar uma estátua à liberdade. Provavelmente não seria uma obra muito artística, e depois das vitórias de Napoleão em Austerlitz, ele ordenou que essa coluna fosse substituída pela que se vê lá agora, com a estátua dele mesmo em traje de imperador romano no topo da coluna, que deveria chamar-se “Colonne de la Grande Armée” em homenagem aos seus soldados.

Detalhes do revestimento em bronze da coluna, retratando as batalhas vencidas por Napoleão.

Detalhes do revestimento em bronze da coluna, retratando as batalhas vencidas por Napoleão.

A coluna foi construída em pedra, revestida até a parte superior numa fita contínua de placas de bronze com baixos-relevos, com cenas da campanha austríaca. Esse bronze teria saído da fundição dos mil e duzentos canhões capturados em Austerlitz.

A Coluna Vendôme, nome pela qual ficou conhecida, foi inspirada na coluna de Trajano, em Roma, mas um terço mais alta do que a romana, tem 44,3 metros de altura.

Como seus antecessores, a coluna que Napoleão colocou sofreu também algumas mudanças. Durante os turbulentos anos que se seguiram à restauração, sua estátua foi substituída duas vezes, e uma vez ela mesmo veio abaixo da cabeça aos pés. Quando a estátua de Louis XIV foi retirada de seu pedestal, a estátua de Henrique IV, que estava na Pont-Neuf desde que esta ponte fora construída, também foi retirada e derreteu junto com os canhões. Mas quando Louis XVIII assumiu o trono, ele quis colocar Henry de volta na ponte. A fim de obter o bronze, ele tinha a estátua de Napoleão que retirou da coluna e refundiu a do Henry IV, que voltou para a sua velha ponte.

Para poder ter alguma coisa em cima da coluna, Louis XVIII colocou lá uma flor de Lis enorme, mas quando Louis-Philippe chegou ao poder ele voltou a pôr Napoleão no alto da coluna, mas desta vez vestido com seus trajes de soldado. Mas isso não é tudo ainda. Quando a França se tornou um império pela segunda vez, Napoleão III substituiu Louis-Philippe, e torna a colocar no alto da coluna o primeiro Napoleão, novamente vestido como um Imperador Romano, tal como continua hoje. Napoleão, com a sua farda militar foi parar nos Invalides.

A experiência mais humilhante veio durante a revolta de 1871, quando rebeldes conseguiram derrubar a estátua mais uma vez, com coluna e tudo. Esse ato de vandalismo é dito que foi organizado pelo pintor Gustave Courbet, um dos líderes da Comuna de Paris, cujas pinturas se encontram no Museu do Louvre.

A derrubada da coluna sob os aplausos do povo.

A derrubada da coluna sob os aplausos do povo.

Felizmente, os destruidores planejaram muito bem essa operação, com a colaboração do Museu da Artilharia que a coluna caiu exatamente na Rue de La Paix. Diziam que a ideia era transferir a coluna para a Place des Invalides.

A coluna só voltou ao seu lugar em 1875 depois que a França mais uma vez se tornou República, por ordem do Presidente Mac-Mahon, e como o seu peso é estimado em 251 toneladas, é provável que por lá permaneça ainda por muito tempo.

Mac-Mahon condenou Courbet a pagar a reconstrução da coluna, pagando 10.000 francos por ano durante 33 anos. Courbet safou-se dessa porque morreu antes de pagar a primeira parcela. Coisas da história.

Fontes de pesquisa: Wikipedia / Site Paris.com / Blog Luis-eg.blogspot.com.br / Google Images

Paris Sempre Paris
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Meu nome é Rogerio Moreira, além de jornalista, sou publicitário e estudei em instituições como PUCC, Unicamp e FGV. Apaixonado por história, acredito que o estudo de nosso passado nos ajuda a entender como nos tornamos o que somos hoje. Nesse blog, busco reunir e compartilhar curiosidades e histórias incomuns sobre Paris e a cultura francesa. Dessa forma pretendo mostrar o lado quase que desconhecido da cidade, fora dos roteiros turísticos tradicionais. Vamos comigo nessa viagem?

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